
Na tarde de 11 de maio de 2019 tivemos na Biblioteca Alceu Amoroso Lima uma roda de conversa sobre CAT Tools. Fomos menos numerosos do que de costume, em comparação com outros Barcamps em que eu estive, mas quem foi participou bastante e contribuiu com a discussão somando ideias, o que deixou a conversa bem dinâmica e proveitosa.
O fazer tradutório e a missão essencial do tradutor de ser ponte e estabelecer a comunicação entre indivíduos, grupos, línguas e culturas define a profissão e une tradutores que a exerceram em épocas diversas. Mas a rotina do tradutor e as ferramentas utilizadas para realizar tal função mudaram muito, assim como o mundo no qual ela é realizada. Antes mesmo do início oficial da roda de conversa já falávamos sobre essas mudanças, com a Édi contando sobre como foi traduzir na máquina de escrever, não ter prazos tão urgentes quanto os que com frequência temos hoje, mas podendo ter que refazer uma página inteira para entregar um material limpo e sem erros. Como não tive essa experiência, fiquei pensando sobre como seria vivenciar a profissão dessa maneira e com ferramentas tão diferentes das que eu, que comecei a estudar tradução na universidade, em 2008, e a traduzir profissionalmente em 2015, aprendi a usar.
E nessa mesma linha de assunto surgem as CAT Tools. Como ocorre com qualquer ferramenta, a melhora que uma CAT Tool pode gerar no resultado do trabalho depende de estudo, treinamento e boa vontade da mão que a opera. E tende a contribuir com a produção de um trabalho mais “polido”, limpo de erros evitáveis como saltos de tradução, falta de padronização de termos por depender da memória (essa que sabemos que é seletiva e pode pregar peças se não mantivermos algumas coisas anotadas de alguma forma) e problemas de formatação.
Mas também precisamos tomar cuidado. Como agentes trabalhando em prol da comunicação fluida e fluente, não podemos transformar o uso de uma ferramenta em um piloto automático. É importante nunca perder a visão do todo do material com o qual estamos trabalhando (um livro, uma legenda, um texto, uma tradução para dublagem ou qualquer tipo de tradução que seja). É necessário aprender a usar a compartimentação em segmentos feita pela CAT Tool a favor do trabalho e da produtividade, mas sem com isso minar a percepção de leitura que nos faz poder escolher modular ou reorganizar uma oração ou um parágrafo.
Trocamos dicas e informações sobre as CATs que usamos, as funcionalidades que usamos e aquelas que ainda não aprendemos a usar. Acredito que em grupo esclarecemos o que são CAT Tools, quais são as possibilidades delas e como essas ferramentas podem nos ajudar a otimizar a parte mais repetitiva e formal do nosso trabalho e fazer com que nós tenhamos mais tempo e energia mental para focar no que somos essenciais e fazemos de melhor: escolhas inteligentes.