
Ano 2000: o vestibular estava às portas e eu, decididamente, queria ser psicóloga. Talvez enveredasse pela área da terapia ocupacional, ou então me dedicasse à psicologia organizacional. Era uma boa hora para me informar sobre essas e outras vertentes da profissão!
Com um manual do estudante em mãos, li não apenas sobre psicologia, mas sobre várias outras ocupações. Foi só quando fechei o manual que meu cérebro processou uma informação que, até então, parecia irrelevante: tradução é uma profissão?!!
Abri o livro novamente e li sobre o que fazia um tradutor. Reli. Reli novamente, com perdão da redundância. E foi assim que a decididamente psicóloga virou, decididamente, tradutora. Naquele momento percebi que havia sido tradutora a vida inteira: desde meus estudos autodidatas em inglês, passando pela mania de andar com um dicionário bilíngue pela casa, até meu gosto pelos textos e pela gramática. Entre muitas outras coisas.
Prestei o vestibular, cursei Letras com habilitação em Tradução, fiz estágios, me formei. Não deixei um dia sequer de gostar daquilo tudo. Mas, ao sair da faculdade, deu medo. Foram quatro anos aprendendo sobre tradução, nenhum aprendendo sobre como funcionava o mercado. Achando que não tinha o perfil para ser tradutora autônoma, lá fui eu estudar jornalismo.
No curso, conheci meu futuro marido, mas meu coração ainda batia forte pela paixão antiga, a tradução. Durante dois anos, continuei lendo e pesquisando sobre a profissão em blogs, fóruns, listas e redes sociais. Sim, foram dois anos para perder o medo, desistir do jornalismo e abraçar de vez a tradução.
A essa altura, eu estava num emprego que não tinha nada a ver comigo e pagava muito mal. Comecei a procurar por oportunidades. Logo encontrei uma empresa na minha cidade que precisava de uma tradutora para um funcionário britânico. Consegui a vaga, minha porta de entrada para o mundo da tradução. De lá, uma chance de ser tradutora interna numa empresa em São Paulo, onde aprendi muito e de tudo. E, dali, meu pulo para a vida de freelancer.
Nesse meio tempo, entrei e saí do mundo das aulas de inglês, fiz muito networking, participei de congressos, criei meu blog, fiz projetos em parceria com outros tradutores, conquistei clientes, encontrei um nicho de especialização. Uma carreira sendo construída com muita paciência, dedicação e esforço. Ainda estou longe de me considerar veterana, mas quanta coisa mudou desde que eu era uma iniciante cheia de dúvidas e medos! A paixão, enfim, virou amor para a vida toda.
Lorena Leandro é tradutora e revisora no par EN-PT. Trabalha especialmente com as áreas de TI, marketing e business. Desde 2010 escreve o blog Ao Principiante, dedicado a tirar o medo de tradutores iniciantes. =) Onde me encontrar:
Twitter | Linkedin