Encontro em Curitiba – 23/09/17

O barcamp de setembro em Curitiba foi no dia 23/09/17, no Paço da Liberdade. Mais uma vez usamos a Tecnologia do espaço aberto (TEA, ou OST em inglês, de Open Space Technology), uma abordagem para situações nas quais um grupo diverso de pessoas deve lidar com questões complexas de forma produtiva. Neste relatório, apresentamos a discussão feita no dia.


Estes foram os temas propostos para discussão:

  • Como lidar com a procrastinação?
  • Qual a principal dúvida na hora de divulgar seus serviços a possíveis clientes?
  • O marketing agressivo de cursos na Internet
  • Flutuação de demanda
  • Mentoria para tradutores
  • Caravana para o PROFT 2017
  • Vocês assinam contratos com clientes diretos? Têm um modelo?
  • Adaptação cultural de jogos

Conseguimos discutir os quatro primeiros temas e os outros serão discutidos no grupo do Facebook ou em encontros posteriores.

Começamos pelo tema como lidar com a procrastinação. A proposta era discutir como evitá-la no nosso trabalho regular, mas também em relação à lista de tarefas que não são urgentes, mas são úteis, como atualizar o CV, enviá-lo a possíveis clientes e organizar glossários, por exemplo. Um problema é procrastinar mesmo quando há tempo para fazer outras coisas, como no caso de ter prazo de cinco dias para um determinado trabalho que pode ser feito em três e “esticá-lo” nos cinco dias, evitando fazer as outras coisas.

A primeira sugestão foi ter colegas que cobrem essas ações de você, ligando para avisar, por exemplo. Outra foi fazer um grupo de Mastermind, que também pode ter esse papel. Ouvimos então as experiências com Mastermind de algumas pessoas do grupo: eles fazem encontros virtuais a cada três semanas, conversam sobre o que fizeram desde o encontro anterior e os planos para o futuro. A cada encontro reveem as prioridades, descartam o que acham que não vale mais a pena fazer e trocam ideias e opiniões uns com os outros, o que ajuda a realizar muita coisa. Lembrando que o ideal é que o grupo de Mastermind não seja um grupo apenas de amigos, para não perder o foco. Uma terceira ideia foi organizar um grupo de pessoas que se cobre tarefas, discutindo-as e organizando-as para fazer tudo o que for necessário, normalmente em um fim de semana. E no fim de semana combinado o grupo se comunicaria virtualmente a cada hora para dar retorno sobre o andamento das tarefas que cada um se propôs a fazer. Mesmo se não conseguir concluir todas, o que conta é ter a responsabilidade e tentar fazer o máximo possível.

Para alguns, ter um compromisso com alguém força a pessoa a fazer as tarefas. Porém, o compromisso feito virtualmente não funciona para todos, é preciso ter disciplina. Para outros, o tempo é relativo: alguém comenta que quando tinha menos tempo, fazia mais coisas, e hoje o cansaço atrapalha mais. Aplicativos e métodos ajudam, mas nem sempre. Alguém sugere que se faça o controle de tempo de procrastinação, como forma de se conscientizar sobre o tempo investido em tudo o mais que se faz, em vez do que é necessário ou útil fazer. É preciso fazer uma autoanálise para saber o que funciona para si, que pode ser diferente do que funciona para outros. E uma última sugestão contra a procrastinação e para conseguir terminar projetos grandes: dividir em tarefas menores, mais fáceis de fazer do começo até o fim.

Passamos então ao segunda tema: Qual a principal dúvida na hora de divulgar seus serviços a possíveis clientes? O excesso de informações pode ser um problema, e há muita incerteza em relação ao que deve ser informado aos clientes. Uma ideia é criar uma série de perguntas para entender melhor o que o cliente busca, criar um perfil e detectar as necessidades, tendências e gostos. Pode-se fazer CVs diferentes, por áreas de especialização, com informações diferentes, de acordo com a área. No caso de tradutores editoriais (ou literários, que trabalham com editoras), o que importa é o gênero em que o tradutor tem experiência e as editoras normalmente querem saber tudo o que ele já fez. A discussão então voltou-se ao valor de se ter um site ou landing page como uma solução para apresentar visualmente um portfólio de tradução ou interpretação.

Rever o próprio trabalho pode ser doloroso, pois é comum não haver tempo suficiente para rever e corrigir as falhas. Um tipo de trabalho que pode aparecer é o de copywriting, alguém contou as dificuldades de um trabalho que recebeu, em que tinha que escrever resumos de autores e depois traduzi-los. Comentamos sobre um anúncio recente em um grupo de tradutores, que tinha uma oferta ruim para copywriting no próprio idioma. Falamos também dos trabalhos acessórios, como ir a cartórios para TPICs, pois ainda não aceitam assinatura digital. A migração ao digital já começou, mas não para todo mundo.

Falamos então de e-mails e de que é bom ter um modelo para abordar clientes e usar perguntas diretas que estimulem o contato posterior. Para o destinatário do e-mail, pode-se procurar no LinkedIn ou no site da empresa qual contato que terá mais retorno. Um bom motivo para o contato é usar notícias recentes que envolvam a empresa e que tenham a ver com serviços de tradução, como o lançamento de novos produtos ou um novo mercado em que a empresa esteja entrando.

Alguém conta o caso de uma colega no Chile que visitou a vinícola Concha y Toro. Ao acessar o site da empresa e perceber que não havia uma versão em português, ela escreveu para eles e comentou sobre sua visita, oferecendo seus serviços e foi contratada. Até no Tinder alguém comenta que encontrou um cliente, que acabou recomendando a outro colega. Outra colega comenta sobre o webinar de Xosé Castro, Cómo aumentar tu cartera de clientes (y tu bolsillo). É uma boa ideia dar cartões em qualquer situação, mesmo as que entramos por acaso, pois clientes de tradução e interpretação podem estar em qualquer lugar. Foram dados alguns exemplos de espaços em que as pessoas prestaram serviços voluntários e palestras em escolas e eventos.

Fomos então ao café e depois iniciamos a discussão do terceiro tema: cursos para tradutores oferecidos on-line com marketing considerado agressivo. Começamos falando do curso de Marisa Nagayama, que tem uma oferta atraente, mas que uma das pessoas presentes considerou despreparada e sem conteúdo. Ela conta que o curso tem aulas ao vivo, que são gravadas e oferecidas por tempo limitado. Um dos problemas percebidos pela aluna foi a instrutora colocar suas lições como verdade única, além de não acompanhar os alunos. Segundo essa aluna, Marisa não tem técnica, só fala de mercado, e não vale a pena fazer o curso. Outro curso que a mesma pessoa fez foi o Espanhol de verdade, e relatou que este outro curso também não entrega o que promete. Outra pessoa opina que cursos on-line valem mais a pena para especializações e dois bons lugares para procurá-los são o Coursera e o Udemy. Discutimos então que o problema comum a estes cursos é o mau uso do chamado marketing de conteúdo, a técnica usada para atrair alunos, que nos casos relatados não cumpria o prometido.

Falamos de outro exemplo, o curso de Tradução para dublagem, de Rayani Immediato e Mabel Cezar. Outra pessoa comenta que fez e que não é um curso próprio para iniciantes. Disse que o curso lida com inglês e espanhol, mas não ensina técnicas, apenas passa tarefas longas para conhecer sua produtividade. A pergunta a que chegamos então é: curso pago vale a pena? E a conclusão é que depende da base teórica e há limites. Uma forma de tentar investigar se um curso pode valer a pena é procurar informações dos ministrantes com colegas, além de ver a qualidade da sua escrita e propostas em blogs e grupos que falem da área.

Antes de entrar no último tema do dia, fizemos um pequeno intervalo e avisamos que estamos procurando mais locais para os barcamps. Foi feita uma lista de locais públicos e perguntamos se algum dos presentes tinha contatos nos lugares mencionados, para agilizar o agendamento do encontro. Passamos então ao tema da flutuação de demanda de trabalho para o tradutor. É um problema comum para todos, mas foi questionado o que fazer para lidar melhor com a situação. Concordamos que ter uma reserva é importante, pois isso abre as possibilidades e não somos obrigados a aceitar ofertas em condições inadequadas. Como a pessoa que propôs o tema trabalha com tradução acadêmica, discutimos sobre a grande variedade de áreas e assuntos que alguém pode ter que lidar com esse tipo de trabalho, além da sazonalidade. É uma boa ideia afunilar as possibilidades e ampliar o leque de clientes, mesmo que seja com agências, mandando o CV para várias delas até criar um portfólio de clientes mais estável que envie trabalho constante. E assim encerramos as discussões do dia.

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Comments

  1. CAROLINA DEMPSEY

    Gostaria de saber, de quem fez o curso da Marisa Nagayama, se vale a pena para quem já atua na área de tradução, mas não tem uma carteira boa de clientes. Se realmente ela faz indicações de clientes etc.
    Participei de uma espécie de forum na internet, onde ela fala tudo sobre o curso e programa, que juntos, têm duração de 8 semanas, porém é um investimento alto para mim.

    1. Já falamos do curso dela em um dos barcamps e uma pessoa que participou disse que não valia a pena.

    2. Douglas

      Qual é o valor do investimento Carolina? Obrigado.