
Mudar de profissão aos 50 anos. Isso é possível? Sim. eu mudei. E por que escolhi ser tradutora? Bom, deixe eu contar a vocês um pouquinho da minha história.
Trabalhei durante muitos anos como assistente executiva de diretores e presidentes, em multinacionais do segmento farmacêutico e alimentício. Eu sou filha única e moro com o meu pai de 86 anos. Depois que a minha mãe faleceu e, voltando para São Paulo, após um tempo no interior, percebi o quão ingrato é o mercado para quem já passou dos 50. As chances são muito menores… na realidade, quase zero, mesmo que você tenha expertise nas áreas em que atua ou já atuou. Então, comecei a analisar as minhas habilidades, o que realmente gostava de fazer e como poderia conciliar as duas coisas. Como já realizava traduções corporativas no meu trabalho, achei que a tradução seria uma ótima escolha.
Mas então, a mudança foi fácil? Pelo contrário, foi difícil e exigiu muita dedicação e perseverança. E ainda exige. O primeiro passo que dei foi acessar as páginas de tradutores no LinkedIn e ver a história de alguns profissionais: áreas de atuação, cursos que fizerem, locais onde trabalharam, etc. Uma colega me indicou vários grupos de tradutores no Facebook. Então, me apresentei e fui absorvendo as informações que os colegas postavam, trocando ideias e selecionando o que era mais condizente aos meus interesses. Como não sou formada em tradução, resolvi também realizar uma pós-graduação na área para assimilar mais conhecimentos sobre tudo o que se refere à tradução.
Mas como saber quais as áreas com as quais eu tinha mais afinidade? Fiz trabalhos voluntários, ainda faço, e fui conhecendo um pouquinho de cada uma: editorial, legendagem, tradução para dublagem, etc. Realizei um curso de tradução para dublagem com a conhecidíssima Dilma Machado, hoje minha amiga, e ela me deu oportunidade de trabalho nesta área.
No meio do caminho, associei-me à Abrates, o que me possibilitou participar de um programa de mentoria e ter toda a orientação possível com uma excelente profissional, amiga e colega: Gio Lester. Sempre gostei de escrever e ela me incentivou a não deixar de fazer o que gostava. Então, resolvi criar o meu blog “Arca do Saber”, com artigos relacionados à tradução e à gramática do português brasileiro. Achei que, de alguma forma, seria a oportunidade de retribuir aos colegas o que eles haviam me dado gratuitamente: conhecimento. Além disso, procurei participar de eventos da área (Congressos, reuniões, workshops, Barcamps) para interagir com os colegas e assimilar, cada vez mais, tudo o que se refere a essa belíssima profissão.
Hoje, continuo traduzindo documentos ligados à área médica, que é uma das áreas das quais mais gosto, e estou entrando também na audiodescrição, outra área de grande responsabilidade social. Quero continuar a me aperfeiçoar para me solidificar, cada vez mais no mercado, como tradutora qualificada. E se alguém me disser que após os 50 anos, o ideal é pensar em aposentadoria, eu rebato: ̶ Não para mim. Ainda tenho muitos projetos a realizar.