
“Não pude estudar Psicologia. Então escolhi Tradução.”
É quase sempre assim que começo a contar minha trajetória no mundo tradutório. Meu pai não quis que eu estudasse Psicologia. Daí resolvi pesquisar num guia de cursos da Editora Abril o que é que poderia me interessar.
Foi a primeira vez que li sobre a profissão do tradutor, e fiquei curiosa. Entrei no curso em 2005 e me apaixonei. Ali eu tive a oportunidade de trabalhar num projeto de estágio como coordenadora de um grupo de tradução na árdua tarefa de traduzir um livro na área de medicina. Já um pouco familiarizada com a terminologia, resolvi oferecer meu trabalho como tradutora voluntária de textos médicos para a Associação Brasileira de Atrofia Espinhal Muscular (ABRAME) e, de 2007 pra cá, venho trabalhando como tradutora na área médica.
Eu já estudava inglês desde 2001. Em 2005 comecei a estudar francês, espanhol e italiano. Hoje em dia, trabalho traduzindo do inglês, francês e espanhol para o português. O italiano ficou só na pronúncia bonitinha dos cardápios das cantinas que frequento…
Em 2009 ingressei no Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução da Universidade Federal de Santa Catarina. Pelas tantas teorias estudadas e utilizadas como ferramentas de análise de tradução na Academia, o Mestrado me proporcionou um olhar mais amplo sobre a prática tradutória – apesar de, até hoje, ficar incomodada com a lacuna existente entre a tradução do mundo acadêmico e do mundo real. Ali que ficou bem clara pra mim a diferença entre tradutores e tradutólogos. E foi em Florianópolis que comecei a prática de organizar Powwows – encontros informais com colegas tradutores. A Sheila Gomes (organizadora desta plataforma) foi ao segundo deles e se tornou uma das figuras mais queridas do nosso círculo de colegas.
Defendi a dissertação em 2011 com a temática de tradução jornalística. Fiquei até o início de 2014 trabalhando exclusivamente como tradutora freelance, até que em fevereiro deste ano fui selecionada para atuar como Docente no curso de Letras Inglês na Universidade Católica de Brasília. Lecionar é uma ótima experiência por todo o aprendizado que me proporciona no contato com aspectos específicos da estrutura da língua inglesa e nas relações interpessoais com colegas e alunos. Senti muita falta disso quando trabalhava em casa como freelance.
Agora, além de ministrar aulas e trabalhar com tradução médica, também sou doutoranda em Estudos da Tradução na UFSC. E neste semestre estou responsável pelas aulas de tradução na UCB. Com isso, não passo um só dia da semana sem pensar em tradução. As pessoas me chamam de “translationholic”, e eu nem sei por quê.
Michelle Aio é tradutora da área médica, professora na Universidade Católica de Brasília e Mestre em Estudos da Tradução.
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